Vivendo em Grande Estilo - Parte I

Luisa carregava as correntes de uma traição, de projetos fracassados, de sonhos desfeitos e acima de tudo carregava o seu “carma” por ser imperceptível em meio a todas as suas “lindas” amigas.

De todos os amores que passaram em sua vida o que mais marcou foi aquele que ela nunca pode retribuir. “A única vez que você foi amada foi exatamente a que você vacilou!... Mas foi melhor dizer que num dava mais Luisa, o que seria de vocês agora? Hein? Argh! Baka, baka!!” – gritava consigo mesma -.

Ela decidiu se levantar e ir acessar a internet, afinal, era melhor ficar vendo a vida dos outros no orkut do que ficar pensando merda deitada na cama, sozinha e entregue as traças.

Sentou-se e logo de cara vê em sua pagina de recados que iria rolar um show muito bom em sua cidade, então decidiu ver sobre as bandas, de todas uma lhe chamou atenção... “Que nome sugestivo para uma banda...”- pensou -.

Procurou em todos os lugares possíveis coisas relacionadas à essa banda, se questionava porque ela nunca havia ouvido falar dessa banda antes!

Baixou todas as musicas que pode e ficou lá, duas semanas escutando e dançando ao som da Banda Lírio.!

- Luisa pelo amor de Deus, dá pra você parar de cantar essa musica? Já num agüento mais!

- Anderson, é muito de fuder pow! Banda do caralho! Quero fazer um som assim quando eu crescer!

- Crescer pra onde sua anta?! Só se for para os lados!

- Baka! Num consigo mais tirar essas musicas da cabeça, o que é que eu faço??

- Simples, volta a ouvir Matanza que isso passa! – rindo –

- Baka! – e virou ainda cantando –

Cada dia que passava ficava mais próximo o dia do show, e sem muito motivo obvio Luisa estava ansiosa, tensa, como se ela quem fosse enfrentar um publico critico.

Bom, ela passou a semana toda procurando uma roupa decente para ir pro show, pensou em ir toda de preto, mas desistiu não era um show Underground, pensou num luck mais claro, mas ela ia ficar parecendo uma bola, decidiu ir com uma camisa meio hippie e uma calsa Jeans que ela adorava, mas num podia faltar o ALL STAR escrito Punk Rock!

Duas horas antes de o show começar ela já estava pronta esperando sua amiga Hellen para irem.

O show começou, ela bebeu, brincou com as amigas, perturbou os amigos, coisas que se fazem nos shows de rock. Havia uma banda no palco que ela num era muito fã tocando, mas mesmo assim ela continuou dançando e de repente ela sentiu um olhar sobre ela, um olhar discreto, retribuiu meio incrédula que esse olhar fosse pra ela.

“Que menina linda...” – pensava -, “Não ela deve estar olhando para Hellen”.

A menina continuava olhando e disfarçando, e Luisa começava a se incomodar, no entanto se incomodava de uma forma positiva, pode se dizer.

Foi só quando ela viu a menina entrando no camarim que ela percebeu que era a vocalista da Lírio.

- Puta que pariu!

- Que foi Luisa? Aconteceu alguma coisa?

- A vocalista véi, a vocalista da Lírio tava aqui embaixo e eu nem fui falar com ela, nem reconheci!

- O que você ia falar pra ela sua anta? Nem conhece a figura!

- Binho, ela tava olhando pra mim toda hora, se num era pra mim era para a Hellen!

- Você é idiota mesmo viu? Aff!

A banda subiu ao palco e o coração de Luisa acelerou. Na primeira nota da guitarra ela já sabia qual era a canção, ela não resistiu o Álcool já tinha subido à cabeça, ela cantava todas as canções, cantava não, gritava. “Alice, como posso lhe falar de amor!”

Foi então que um olhar lhe tirou o chão, Sara, a tal vocalista cantou olhando para ela. Talvez tenha sido porque ali somente Luisa cantava as musicas, talvez porque aquela “gordinha” sorridente passava a segurança, mas Sara cantava todas as canções que podia olhando para aquela desconhecida.

Luisa tremia, todos os seus amigos começaram a comentar que a cantora olhava pra ela, e então começou sentir um misto de excitação e vergonha, ela queria chegar mais perto dela, sentir o cheiro, e quando Sara dançava em sua musica, ela queria cada vez mais toca-la.

Sara apenas sentia vontade de olhar aquela garota tão eufórica, às vezes ela sorria, às vezes ela apenas fechava os olhos, mas sentiu que ela havia visto um alguém diferente e igual no meio daquela multidão.

- Vamos Binho, quero uma foto com essa Mulher!

- Luisa!

Os dois foram para a porta do camarim e quando a Sara estava prestes a entrar Luisa a “interceptou”.

- Oi, putz foi muito bom o show!

- Oi, valeu mesmo. – um riso sem graça saiu dos lábios da Sara nesse instante –

- Vocês são muito bons mesmo, show do caralho, espero que vocês venham mais vezes tocar aqui.

- É eu vi você cantando as musicas! Ah, qual o seu nome?

- Luisa! – toda eufórica – Posso tirar uma foto com você?

- Ô, lógico!

Luisa abraçou a Sara passando seu braço no pescoço da moça e fez uma cara de: “É eu consegui!” Enquanto seu amigo fotografava e depois se despediu com um abraço, deixando a pobre Sara um pouco sem graça.

Luisa se colocou em êxtase, simplesmente passou todo o caminho para casa falando na banda, cantando as musicas, enchendo o saco dos seus amigos!

Sara por sua vez ficou um tempo imóvel no camarim antes de ir para o hotel.

Nunca havia sentido algo tão desconfortavelmente bom ao conhecer alguém, nem tinha se visto tão tímida como ali. “Que menina intrigante!” – falava consigo mesma enquanto se direcionava à vã.

- Foi exatamente o que pensei! – exclamou Paulo guitarrista da Lírio –

- Espera um pouco, você quer me dizer que num quer ir embora hoje com a gente?? – questionou o baterista –

- Gente, eu só quero ver o resto do festival, depois de amanhã eu pego um ônibus e volto pra casa! Não há nada de mais nisso!

- Sara você nunca fez isso antes... Por que isso agora?

- Lipe, é simples: Eu estou afim!

- Mentira Sara você acha que num saquei os olhares trocados lá no show não? Ainda a vi falando com você na porta do camarim. Quem era ela?

- Paulinho baby, nem lembro o nome dela, você acha mesmo que eu vou ficar aqui por conta de uma garota que nem conheço?

 A discussão já estava ficando bastante calorosa, foi ai que o baixista Afonso se meteu acabando com tudo.

- Eu fico com ela. Nem sei do que vocês tanto têm medo, se for por causa de uma garota por mim tudo bem, se for pra curtir o show não faz diferença alguma... Por acaso algum de nós tem haver com a vida da Sara? Fala serio! Pra acabar essa picuinha ridícula eu fico, vou pro show e volto pra casa com ela!

-Nem precisa Afonso, eu sei me virar! Mas se você quer mesmo ficar, vou adorar a companhia.

O telefone toca e Luisa o procura ainda de olhos fechados, nem acreditava que estavam lhe ligando tão cedo.

- Alô!

- Luisa, tá tudo bem?

- Quem tá falando? – ela boceja meio dormindo ainda –

- Como assim quem está falando? Acorda porra! Sou eu Hellen, lembra? Marcamos de ir pro show hoje denovo!

- Hã? Show? Caralho eu me esqueci, mas ainda tá cedo véi!

- Você já olhou o relógio? Vai dar 15h, daqui á 1 hora o show começa!

- Meu Pai! Tá bom, tá bom, vou tomar um banho, me arrumar e daqui à meia hora tow pronta.

- Não vai comer nada não?

- É... E como alguma coisa, já deve ter comida pronta aqui em casa!

- Valeu então, te espero, mas vê se não dorme denovo, só fui ontem por sua causa, agora é a sua vez de ir por mim!

- Relaxa, já estou até de pé! Num esquente não. Beijão!

Luisa e Hellen chegaram meia hora atrasadas. Hellen era muito mais feminina do que sua amiga e isso realmente atrapalhava todo o comportamento dentro de espaço cheio de cascalho e terra do local do evento.

- Como é que um ser humano vem de salto alto para um show de rock! – Luisa bravejava –

- Ah! Eu não curto rock como você querida, só estou aqui para ver os gatinhos da Gravitation!

- Aff, você é uma Maria palheta mesmo viu Hellen?!

O som estava esquentando, diferente do show anterior esse tinha muito Hardcore e Punk, gente de preto por todos os lados e o som era pra quem curtia o Underground do underground.

Bate-cabeça rolando, musica alta, cravinho e tudo que se tem direito, dentro do show de rock é permitido quase tudo na vida, ali é onde você está livre dos rótulos patéticos que a sociedade nos impõe.

Lá estava Luisa, jogando-se, bebendo e fumando sem notar o olhar curioso que seguia seus passos, os olhos de quem se sentia tentada à se aproximar dela.

Sara bebia sua cerveja fria e sentada um pouco distante observava Luisa com certa ternura. Num momento rápido chegou a pensar que ela havia a visto em algum momento, mas foi só um alarme. Seu susto maior foi quando viu Luisa aos beijos com outra garota na escada, aí sim ela chegou a tremer levemente. “Mas por que esses sentimentos agora? Pelo amor de Deus Sara você não tem mais quinze anos!” – pensou -.

Luisa parou o beijo meio que de repente, ela sentiu certa urgência de sair dali.

- O que houve? Tá sentindo alguma coisa?

- Carla, desculpa...  –disse meio confusa – Não tô me sentindo muito bem, vou pra casa!

Durante toda a noite Luisa rolava na cama, a Sara não saia da sua cabeça. Já Sara havia decidido fingir que nada aconteceu e que a garota do show havia sido apenas mais uma garota do show.

Assim se passou a semana.

Luisa começou a pesquisar tudo o que pode sobre a Sara, fotos, musicas, vídeos. Não era mais a banda que lhe interessava e sim a vocalista. Ela estava obstinada, não conseguia dormir uma noite sem sonhar com a sua cantora, todas as musicas lhe lembravam ela. O seu maior desejo naquele momento de sua vida era revê-la, escutar sua voz e nem sabia por que sentia tudo isso.

Sara voltou com sua rotina de trabalho/faculdade/ensaio, não tinha tempo pra quase nada, mas sempre, mesmo segundos antes de dormir ela lembrava daquela garota que não veria mais.

- Estou te dizendo, não consigo tirar essa menina da cabeça! – Luisa se confidenciava depois de dois copos de vinho-

Anderson, seu melhor amigo/irmão/primo a escutava calmamente, sem fazer alarde com o que lhe era dito naquele fim de tarde.

- Fala alguma coisa cara!

- Tá, essa guria tem orkut?

- Tem, mas só adiciona amigos de VERDADE! – frisou a palavra verdade pra mostrar sua decepção –

- Tem MSN?

- Claro que tem porra!

- Então porque você ainda não adicionou?

- Eu acabei de te dizer que ela só adiciona conhecidos, amigos de verdade!

Anderson riu, ele sabia que na verdade tudo que Luisa tinha era o medo sobre humano de receber um scrap: ”Desculpe, mas eu só adiciono amigos pessoais, mas se você quiser saber dos shows’s e outras coisas da banda adicione o profile da gente... Blá, blá, blá!”

- Você não sabe insistir? Mentir? Dizer que tá querendo promover um show por aqui novamente e que gostaria de falar com a banda? Dizer que quer fazer uma entrevista com eles pra droga do seu BLOG???

- Não é tão fácil Anderson, eu não estou à altura dela!

- Idiota! Não fala uma besteira dessas nunca mais perto de mim! Cara, você é a guria mais legal, interessante, inteligente, gentil e meiga do mundo, ela que pode não ser à sua atura! Baka!

Luisa ficava emocionada com as palavras do seu amigo, mas ela não se sentia tão especial assim, pra ela seu verdadeiro ser só atraía novos amigos, todas as pessoas só querem ser suas amigas, ninguém – depois que a conhece bem – à deseja com companheira, sempre lhe vêem como a melhor amiga, a mais legal e divertida, mas namorada, amante... Nunca! Ela era a gordinha, mascote da galera!

Era assim que ela se via, mas o que ela não fazia idéia é que muitas, mais muitas mulheres lindas caiam de amores por ela, à adoravam, só que não se sentiam “à altura” de uma pessoa tão legal!

Luisa dormiu meio bêbada e acordou deprimida. Saiu com seus amigos, dançou, brincou, até sorriu, mas seus pensamentos estavam voltados para Sara, seus pensamentos e sentidos!

Uma hora e meia dali Sara estava tocando violão sentada na varanda do seu apartamento de frente ao mar.

Veio uma melodia na cabeça, junto com ela uma sensação de vazio e quando acabou de compor mais uma bela canção tocaram a campainha.

- Meu lindo! – abraçava o Afonso – Acabei de compor uma musica agora!

- É? Que bom, você vai ter que me mostrar agora, espera que vou pegar a Vodka no armário!

- Desde quando tem Vodka aqui em casa?

- Desde que eu comprei e escondi atrás das panelas que você nunca usa! – dando uma piscadinha-

Afonso já era de casa, tinha chaves do apartamento, mas sempre tocava antes a campainha, era uma mania antiga, desde o tempo de colégio.

Ele foi até a cozinha, pegou a vodka, um refrigerante que tinha na geladeira e foi pra varanda.

- E os copos? – resmungou a Sara –

- Ai você vai lá e pega! – com um riso descarado na cara –

Voltando com os copos Sara se sentou no chão ao lado do seu amigo, serviu-se de uma primeira dose de vodka pura, depois misturou outra dose com refrigerante. “Se eu soubesse que tinha essa vodka escondida aqui eu já tinha tomado ela antes...” - pensava–.

Os olhos de Afonso seguiam cada movimento de Sara, ele sabia que não era atoa que sua amiga tinha estado dispersa nos ensaios, e quieta nos outros dias, algo estava acontecendo, ele tinha certeza.

Ela não falava, apenas bebia e logo ascendeu um cigarro.

- Pensei que você tinha parado...

- Voltei.

- Por que isso agora Sara? Você tinha meses sem fumar!

- Preciso pra relaxar, melhor do que fumar maconha e ficar lombrada!

- Calma! Não é pra tanto, me diz o que te fez ficar assim?

- Você quer ouvir minha musica??

Ele balançou a cabeça dizendo que sim e ela começou a tocar.

“... E depois de te encontrar, nada mais tem valor

Me pergunto onde está você com seu calor...”

Depois de tocar tinha os olhos marejados...

- Se você encontrou então porque se pergunta onde está?

- Porque eu encontrei e perdi novamente! Você é lerdo?

- Tá, tá... Quem é sua inspiração?

- Ninguém ora! Só me veio na cabeça!

Afonso riu, ele ria e batia nas pernas da sara como se ela tivesse contado uma piada!

- Não tô vendo nada de engraçado!

- Vo-vo-cê –gaguejava enquanto falava – Compõe sem inspiração? Conta outra!

Ela abaixou a cabeça apoiando no violão, ela não queria admitir, mas a inspiração foi a garota do show, lembrou do sorriso debochado daquela menina e sentiu-se avermelhar.

- Deixa de ser Idiota Sara, conta logo! – bebendo um gole da mistura feita por eles –

Sara tomou mais uma dose de vodka pura.

- Se você rir denovo da minha cara eu quebro essa garrafa na sua cabeça Afonso, você sabe que eu faço!

Ele fez um gesto de “fala logo criatura” e ficou lá a encarando com seus olhos castanhos!

- Fiz pra menina do show! – falou de uma só vez quase se arrependendo do que disse –

- Que menina do show??

- A do ultimo que a gente fez...

- Ah, nem sei quem é!

Sara bateu e bateu em Afonso que ria da raivinha dela. Quando cansou ela voltou a sentar!

- Ela mexeu comigo, e eu nem sei quem é ela. Só sei que tem algo nessa menina que tá me tirando do sério, não paro de pensar nela!

- Procura a menina então!

- Como? Nem sei nada dela!

- Hum, sabe o nome ao menos?

- Luisa, esse é o nome dela! – rindo por ter decorado o nome de uma desconhecida –

- Você lembra o nome de uma guria que viu uma vez só e demorou 6 meses pra decorar o meu??

- Só pode ser um idiota mesmo!

Caíram na risada jogados no chão.

- Isso é ridículo! Você não faz idéia da merda que tá dizendo! – Binho gritava para a Luisa –

Binho já tinha sido amigo/inimigo/ficante/amigo de Luisa, os dois se amavam, um amor diferente, mas se amavam tanto quando macaco gosta de banana ou a globo ama passar a lagoa azul.

- Binho, só estou dizendo que vou passar uma semana na cidade vizinha, isso não tem nada de mais!

- Não estou falando de você passar uma semana fora, estou falando de sair vagando por outra cidade, que por sinal é o dobro do tamanho da nossa, atrás de uma pessoa que você viu uma única vez e que ainda por cima é vocalista de uma banda!

- Ela vai tocar num barzinho e eu vou assistir, apenas isso, é provável que ela nem se lembre de mim – é claro que não – e alem do mais vou com o Anderson, deixa de ser turrão criatura!

- Se eu sou tão turrão assim, porque vc me dá explicações hein?

Luisa aperta a bochecha dele.

- Porque você vai me emprestar a grana pra ir! – abrindo um sorriso enorme –

- Ainda por cima quer me extorquir!

- Ah vai! Se você não me emprestar nunca mais te levo na casa da Bete! – Binho era louco pela Bete e Luisa usava isso contra ele –

- Tá, eu empresto, mas vê se não faz burrada baby! Eu não quero ver você triste pelos cantos ok?

Ela o abraçou forte e beijou sua testa, ele acabava de dar o passaporte para o paraíso de presente a ela!

Era noite quando Anderson e Luisa chegaram à casa de seu amigo Max. Eles tomaram banho se arrumaram e comeram o resto de Pizza que tinha na geladeira.

Explicaram todo o plano mirabolante que tinham para encontrar a Sara, teriam que ir ao show num barzinho, ficar à espreita ai então o Anderson ia obrigar a Luisa falar com ela e fazer de tudo para manter um papo de mais de 5 segundos com a menina!

Na verdade mesmo, não havia um plano em si, era apenas o “fogo” da Luisa em ver novamente sua vocalista, já tinha passado da loucura de fã, agora era paixão desmedida!

- Você se apaixonou por uma guria que nem conhece? Bicho você é realmente louca! –Max falava com a boca cheia de pizza –

- Você não ia entender seu deficiente emocional! É uma coisa sem controle que me dominou, todos sabem que eu sou dada a amores platônicos, nunca homéricos e sempre shakespearianos!

Eles riram. Ela realmente era inconstante em seus amores, foram tantos, mas tinha algo diferente naquele, assim todos concordaram em ir a esse show, todos queria ver ao menos mais uma vez o sorriso largo daquela a que amavam... Luisa!

Ela desfez as malas, pegou uma camisa de botão, uma regata e o tal Jeans que tanto amava e vestiu, causou o All Star preto e arrumou o cabelo, limpou o óculos, e pos aquele perfume que já era sua marcar registrada. Ela estava simples, linda e simples, com o mais belo brilho no olhar. “Eu vou vê-la, vou ver a Sara denovo!” – vibrava por dentro -.

Sara fumava seu cigarro na porta do bar, eles iriam tocar sua nova musica e sempre é estranho estrear uma canção assim, sempre se sentia nervosa!

Dispensou o ultimo trago e entrou, estavam todos já arrumando os instrumentos e ela foi colocar os cabos no lugar para ajudar os meninos.

Eles se entreolharam e Sara se virou para ver o que era. Seu ex-namorado estava lá, parado de braços cruzados e sorriso no rosto.

- Mauricio!

- Oi meu bem, quanto tempo... – dando um abraço apertado em Sara –

- Quando você chegou?

- Hoje de manhã, fiquei sabendo que ias tocar aqui e vim vê-la. Fiz Mal?

- De jeito nenhum meu querido estou tão feliz em te ver aqui!

Mauricio e Sara namoraram muitos anos chegaram até ficar noivos, mas acabou que ele a traiu, e ela tipo que o perdoou porque de certa forma ela também não tinha sido santa, mas foi uma briga feia no dia que ela o pegou com “à outra”.

Os dois se afastaram dos demais, conversavam, se abraçavam e riam, riam muito. Num segundo momento Sara fez uma cara seria, parecia ter ouvido algo que não gostou, mas logo depois abraçou a amigo e sorriu novamente. A galera da banda ficou um tanto estática, esperavam um barraco no mínimo.

- Me deixa voltar pra lá que a casa tá enchendo, daqui a pouco começa.

- Vou assistir tudo bem?

- Deixa de bobagem garoto, eu disse que vai ser bom te ver na platéia, vou apresentar uma musica nova e tudo! Bom, deixa-me ir! – deu um beijo na bochecha dele e voltou ao palco –

Luisa estava parada na porta do bar, viu a sua cantora conversando com aquele homem e ficou trêmula, só sossegou quando ela deu beijo xoxu na bochecha dele e foi pro palco.

- E aê? Vai ficar parada? Vamos tomar uma cerveja enquanto não começa.

- Tá, mas vamos para um canto mais escuro!

- Não, não querida – desmunhecando – Vamos sentar ali na frente.

Então Anderson e Max à puxaram quase a força pra a mesa em frente ao palco, literalmente em frente, quase não encontraram lugar, mas com muita luta e determinação – do Max por sinal – Sentaram na frente.

Sara estava de costas e sentiu um frio na espinha, e borboletas no estomago sem saber porque... “Será por causa do Mauricio? É claro que não, já passou há tanto tempo...”. Ignorou a sensação ate se virar com o violão. Ela sentiu uma vertigem, algo inexplicável! “Ela está aqui, como ela pode estar aqui?” – pensava quase em desespero-.

 - Algum problema Sara? Você tá branca!

- Afonso é ela!

- Ei, eu sou ele! –rindo-

- Bobo, ela, a Luisa. – apontando sem cerimônia –

Afonso olhou, olhou e encontrou a menina de camisa xadrez com dois rapazes, rindo e conversando.

- Não sei o que dizer, ela veio pra cá ver você!

- Não seja bobo, ela só saiu com os amigos e acabou coincidentemente vindo pra cá!

- Sara, ela veio pra ver você é fato! Vamos começar logo se não os meninos vão começar a chiar feitos panela de pressão.

Fez-se silencio, a Sara se sentou e pegou o violão sem olhar Luisa que atenta prestava atenção a todos os movimentos que ela fazia.

Não demorou muito para que os olhos das duas se encontrassem, naquele segundo ambas sentiram o vibrar de seus corpos, o desejo corria pelas suas veias. As respirações ficaram pesadas, as mãos suavam. Já fazia muito tempo que Luisa não se sentia assim tão tentada a tocar alguém, ela sorriu com seu pensamento sórdido e Sara como se tivesse lido os pensamentos dela ficou vermelha e deu breve sorriso, e isso em um segundo...

A banda começou a tocar e todas as musicas cantadas eram para Luisa. Não precisava dizer, bastava qualquer um seguir o olhar de Sara, ele guiaria todos ao de Luisa que a cada tragada em seu cigarro estava mais próxima de sua cantora.

Teve um momento em que quando Luisa se levantou para ir ao banheiro Sara a seguiu com os olhos e fez uma cara descontente quando uma rapaz falou algo no ouvido da menina.

Quase pelas tantas da noite o show estava chegando ao final e o Afonso, com um sorriso debochado olhou para Sara. Era chegada a hora da musica nova.